V CONGRESSO INTERNACIONAL DE FENOMENOLOGIA EXISTENCIAL
III Encontro Nacional do GT Psicologia Fenomenológico-hermenêutica e questões contemporâneas-ANPEPP

APRESENTAÇÃO

Nas últimas décadas, com o surgimento da WEB- World Wide Web e, mais especificamente, as redes sociais, a existência humana vem sofrendo impactos, principalmente no que respeita aos modos de ser do homem contemporâneo. Nos últimos vinte anos, com o avanço e a sofisticação das tecnologias digitais, observa-se uma grande preocupação em relação às implicações dessas tecnologias para a saúde mental, uma vez que é sabido que o excesso de utilização dos dispositivos digitais tem gerado sofrimentos existenciais e desalojamentos, em um mundo que originalmente já se mostra inóspito ao humano. A perda dos laços sociais, a sobrecarga de informações e o consumo exacerbado proposto pela sociedade capitalista e neoliberal têm formado o cenário propício para os sofrimentos que vemos se manifestar nos tempos atuais.

O homem contemporâneo tem vivido sob o imperativo da produtividade, como bem lembra Byung Chul-Han, numa sociedade que prima pelo cálculo e pela objetificação da existência, como nos diz Martin Heidegger, no seu ensaio A era da técnica. Numa sociedade que ignora a negatividade da existência humana e explora a positividade, cria-se uma geração de pessoas vivendo na auto-exploração, com a ilusão do empreendedorismo, numa busca desenfreada pelo sucesso e pela produtividade. O excesso de informações que se obtém nas redes sociais e no mundo digital, de maneira geral, favorece uma intoxicação de informações, muitas vezes adoecedora, pela impossibilidade de se fixar ou absorver as demandas de informações e estímulos.

Podemos pensar na influência do mundo digital no sentido de uma “imagem da existência”, a qual, tal como o mundo digital, carrega consigo a efemeridade, superficialidade e a impessoalidade que as próprias redes sociais representam. Nessa rapidez de informações perde-se a narrativa da história, como analisa Byung Chul-Han em sua obra O aroma do tempo. Vivemos uma atomização do tempo, isto é, vive-se infinitos presentes e com isso uma sensação de descontinuidade entre passado, presente e futuro. Perdemos assim a consciência histórica na medida em que o tempo é vivido de modo vazio e sem significado, ou sem aroma, como diz o referido autor, e sentido com inquietação e angústia. Estamos nos tornando um povo sem memória, sem cultura e sem ancestralidade.

O horizonte histórico no qual estamos imersos tem produzido sofrimentos que se expressam nas altas taxas de suicídio, nos transtornos de ansiedade e nas depressões. Acrescido a isso ou mesmo por isso, vemos um mundo em guerra, polarizado entre o bem e o mal, no qual os sentimentos hostis, o racismo estrutural, as intolerâncias de todas as ordens e as violências têm sido as características do nosso tempo. As tecnologias digitais, ao mesmo tempo em que produzem avanços nas ciências e nas comunicações, também representam um território sem leis e sem ética, no qual o cancelamento de uma pessoa ou os likes que ela recebe podem servir tanto à vida quanto à morte.

Com isso, cabe interrogar sobre o lugar que a Psicologia, e no nosso caso, a psicologia fenomenológica, ocupa nesse cenário. O que pensamos a respeito dessas questões? Como temos visto os sofrimentos que surgem diante de nós nesse mundo caracterizado pela digitalização, inclusive da existência? Como estamos indo “às coisas mesmas” diante desse cenário de mundo digitalizado? Para onde caminhamos e quais caminhos vislumbramos?

Essas ideias são a base do convite do V CIFE, que chama todos a unir esforços para pensar, debater e refletir sobre nossas práticas, pesquisas e formas de existir no mundo. O evento será realizado em um ambiente acolhedor, repleto de calor humano e afeto, onde o clima, as pessoas e a hospitalidade típica do Nordeste darão boas-vindas a todos que se juntarem a nós nesta nova jornada de construção contínua da psicologia fenomenológica. Contamos com sua presença!

INSCRIÇÕES 

PALESTRANTES CONFIRMADOS

PALESTRANTES INTERNACIONAIS

1 - Irene Borges-Duarte - Universidade de Évora, Pt  

2 - Ângelo Milhano - Universidade de Évora, Pt  

3 - Antonio Caeiro - Universidade Nova de Lisboa, Pt

4 - Marcelo Boemio - Universidade Federico II de Nápoles, Itália

CONVIDADOS DO V CIFE

• Henriette Morato - USP
• Carmem Barreto - UNICAP
• Marco Casanova - UERJ -Instituto Dasein
• André Sendra de Assis - Instituto Dasein
• Paulo Roberto Machado - Instituto Dasein
• Joelson Rodrigues - UFRJ
• Alexandre Trzan - NUCAFE-USU
• Ida Cardinalli- PUC-SP
• Maria de Fátima Almeida Prado - ABD
• Cristine Mattar - UFF RJ
• Paulo Evangelista - UFMG